10 itens para incluir na sua lista da Black Friday

By Fashion Revolution Brazil

1 year ago

Chegamos a novembro e a tão esperada Black Friday bate à nossa porta, repleta de ofertas imperdíveis e um senso de urgência sem igual. Uma pesquisa recente, solicitada pelo Google ao Instituto Ipsos, apontou que ao menos 71% dos entrevistados estão dispostos a comprar algo durante as ações promocionais. 

As compras online prometem sair na frente. Segundo um levantamento realizado pela Associação Brasileira do Comércio Eletrônico [ABCmm], em 2022, a data deve movimentar algo em torno de R$ 6,05 bilhões no comércio eletrônico, com uma expectativa em número de pedidos que pode chegar a cerca de 8,3 milhões. Um crescimento de mais de 3% se comparado a 2021. 

Ainda de acordo com o mesmo estudo, entre os itens que costumam ser mais buscados nesse período aqui no Brasil, estão telefonia, eletrônicos, informática, eletrodomésticos e eletroportáteis, moda, beleza e saúde. No ranking, artigos de moda – como roupas e acessórios – ocupam um lugar de certo conforto por serem de uso recorrente e, comumente, de valor mais acessível. 

Profissionais do varejo e analistas do mercado também destacam alguns fatores que podem corroborar para tal movimentação: durante a pandemia, em meio ao isolamento social e as medidas restritivas, marcas e negócios de proporções variadas, tiveram que se reinventar – na medida do que foi possível – para continuar atendendo suas entregas e não fecharem as portas. Com isso, a transição para o universo digital precisou ser implementada e acabou sendo bem recebida por quem não tinha outra opção para adquirir um novo produto. Além disso, também notamos o desejo da comunidade por melhores atividades relacionadas ao envio do que é comprado, provocando o mercado a buscar melhores e mais atrativas formas de estabelecer valores convidativos e/ou até mesmo, o famoso frete grátis. A pesquisa disponibilizada pela ABCmm, identificou que o preço estipulado para a entrega pode influenciar em até 90% a decisão de compra de um item nas vendas pela internet. 

Mas, e se pudéssemos ir além? E se em nossa lista de desejos, com oportunidades aparentemente irresistíveis, providas de descontos especiais e a facilidade de compra por meio de um clique, também estivessem presentes alguns itens fundamentais para avançarmos em agendas relacionadas à sustentabilidade? 

Se por um lado temos anúncios pulando aos nossos olhos a cada mudança de canal, passagem no feed ou entre uma música e outra, por outro vislumbramos algumas possibilidades para que nosso eventual consumo seja mais consciente e propositivo – dentro daquilo que se faz possível a cada um de nós. Lembre-se: cada ação individual pode gerar impacto coletivo. 

Para inspirar, selecionamos 10 itens que podem (re)volucionar a nossa percepção nesse momento de conflito:

-Comprar Incentivar negócios locais: 

Por meio da compra de artigos produzidos e comercializados de forma local, temos a oportunidade de conhecer de perto quem está à frente das produções, saber mais sobre etapas e processos, diminuir o trajeto entre quem compra e quem vende e, ainda por cima, fomentar a geração de renda para a comunidade onde estamos inseridos. 

-Comprar Incentivar pequenos produtores: 

Um incentivo que pode ser atribuído por meio da compra daquilo que é produzido e comercializado, possibilitando que esse produtor tenha mais vantagem competitiva para manter seu negócio prosperando ou simplesmente com a divulgação e compartilhamento de suas entregas, fazendo com que mais pessoas possam conhecê-lo. 

-Comprar Incentivar marcas e negócios liderados por mulheres: 

Apesar de serem maioria populacional, mulheres ainda têm muita dificuldade para abrirem, gerenciarem e expandirem seus negócios. Seja por precisarem manter mais de um trabalho (não podemos esquecer do maior e menos remunerado deles – o cuidado com a casa e os filhos ), seja por terem menos incentivos fiscais ou ainda por ocuparem os mesmos cargos e seguirem ganhando menos que homens. Há ainda tantas outras razões que só fazem escancarar uma sociedade misógina e sexista. Sendo assim, quando escolhemos apoiar e consumir de iniciativas lideradas por elas estamos, também, proporcinando que mais e mais mulheres possam conquistar e manter uma independência financeira e ocupar outros e melhores espaços. 

-Comprar Buscar o que você precisa – depois de uma boa olhada no que já tem: As relações de consumo podem ser bastante complexas e ofuscadas por motivações distintas. O poder de compra – e o de escolha – dependem de muitos fatores, como posições de privilégio e acesso. O que torna o verbo “precisar” algo bastante subjetivo. Mas, pensando em quem possui esse direito, em quem pode olhar ao redor e, só assim, escolher o que irá comprar, deixamos uma dica valiosa: Vale consumir algo novo? Será que o que você tem no guarda-roupa ou em outros espaços não é capaz de suprir esse desejo momentâneo por um desconto atraente ou a nova trend da estação? Vamos nos permitir “pensar” mais que “comprar”. Pode ser uma relação interessante. 

-Comprar Buscar produtos de matéria-prima de menor impacto: 

Um levantamento conduzido pela Textile Exchange aponta que cerca de 60% das roupas produzidas globalmente são feitas em poliéster. Um material sintético, atrelado à liberação de micropartículas plásticas – impulsionadas por etapas de lavagem e a não possibilidade de retenção em filtros comuns. 

Um cenário perigoso e que nos alerta sobre impactos assustadores. Estudos recentes identificam que, com tamanha quantidade de artigos plásticos sendo consumidos, já é possível encontrar micropartículas plásticas no sangue humano. 

Preferenciar, sempre que possível, roupas desenvolvidas em matéria-prima natural ou mais sustentável, pode ser interessante para amenizar parte desse esse problema. 

-Comprar Buscar por marcas e negócios que tenham produções éticas e responsáveis: Olhar para a cadeia produtiva da moda e de setores relacionados não é uma tarefa fácil. Responsável pela constante exposição de pessoas a situações análogas à escravidão, a indústria carece de atenção, rastreabilidade e mais atuação de órgãos regulamentadores.

Por isso, sempre que possível, busque por mais informações antes de consumir algo novo. Vale visitar sites, relatórios e tentar entender como, onde e por quem esses produtos estão sendo produzidos. 

-Comprar Buscar produtos que você possa usar por bastante tempo: 

A tal obsolescência programada já faz parte de nossas vidas e vem ditando as regras de como nos relacionamos com a descartabilidade das coisas. Artigos com data de validade sendo disponibilizados à venda como se o planeta fosse uma grande lixeira. Como alternativa, vale apurar o olhar quanto à qualidade dos materiais utilizados e o design para a durabilidade, onde processos são pensados para garantir qualidade e maior tempo de vida útil do que é colocado no mundo. 

-Comprar Buscar produtos de segunda mão: 

O relatório promovido pela plataforma thredup destaca que o mercado de segunda mão deve crescer 3 vezes mais rápido que o mercado de vestuário tradicional. O mesmo estudo também conta que, para 70% dos consumidores, comprar algo usado está mais fácil que há 5 anos atrás. Seja por conta do acesso a mais lojas físicas e online, seja pela crescente de ofertas e valores mais atrativos. 

Consumir produtos de segunda mão pode ser uma alternativa bastante representativa para o bolso e para o meio ambiente. 

-Comprar Buscar por marcas e negócios que indiquem o que fazer com esse produtos após o fim da vida útil: 

Sabe aquele produto que você não usa mais e que já não tem mais possibilidade de conserto ou doação? A responsabilidade pelo destino final desse material não é somente nossa. É fundamental que as marcas identifiquem, de forma correta e transparente, o que e como proceder ao final da vida útil do que ela coloca no mundo. 

-Comprar Buscar por marcas e negócios que sejam transparentes em suas ações e comunicações: 

Não existe transparência sem rastreabilidade. 

Apoiar, preferenciar e poder escolher consumir de marcas que compartilham suas práticas de forma transparente e fundamentadas por indicadores, certificações e outros mecanismos, se faz fundamental para que possamos avançar em tais agendas. O uso de relatórios bem elaborados e a identificação de terceiros, pode ser um caminho rumo à constatação desses fatos. 

Contudo, é importante que a gente entenda que não existe uma fórmula pronta. Não existe um manual ou um checklist que nos aponte o que fazer. Os tais itens sugeridos acima são apenas alguns dos fatores que podem ser considerados quando consumimos algo. São caminhos que nos provocam à reflexão e que nos permitem emergir desse momento que costuma estar atrelado à isenção e ao distanciamento. 

Imagem: Polina Tankilevitch para Pexels 

Por Julia Codogno 

Revisado por André Teixeira

Julia Codogno é comunicadora de moda e sustentabilidade. Desenvolve seu trabalho por meio de mentorias, palestras e conteúdos educativos. É criadora de um guia digital que reuniu mais de 200 marcas com iniciativas de impacto positivo e co-criadora do projeto Retecendo. Acompanhe @juliacodogno